A Reforma Haussmann - O Segundo Império nos Subúrbios Cariocas
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Maracanã - Segundo Império A Reforma Haussmann - O Segundo Império nos Subúrbios Cariocas |
O Rio
do início do século XX visava enquadrar-se no padrão urbanístico internacional.
Para alcançar este intento, o prefeito do Distrito Federal, Francisco Franco
Pereira Passos, buscou como
referência a Paris transformada pela Reforma Haussmann. Tal projeto teve como
diferencial a forte atuação do Estado como gestor do processo. Antes, as
interferências estruturais, no que concerte à Arquitetura e Urbanismo, eram
sempre conduzidas por particulares.
No
Rio, a reforma proposta por Pereira Passos intentava seguir nos mesmos moldes
da parisiense. Sendo assim, a renovação do espaço urbano não poupou os prédios
mais antigos, demolindo-os indiscriminadamente. Faz-se importante saber que à
época não havia órgãos responsáveis pela preservação do patrimônio histórico,
para fazer uma avaliação técnica acerca das demolições.
Neste
contexto, a reforma de Pereira Passos, chamada por muitos de Bota-a-Baixo,
tinha no Morro do Castelo um de seus principais obstáculos. Este acidente
geográfico foi o centro de poder do Rio por quase 200 anos, entretanto a equipe
do prefeito do Distrito Federal tinha mudanças em mente. Para este grupo, o
Morro do Castelo era um empecilho do ponto de vista sanitário e precisava ser
extirpado do cenário da Paris tropical. E
assim o foi.
O
desmonte do Morro do Castelo, numa alusão ao título do documentário de Sinai Sganzerla,
é, até hoje, tema controverso entre os especialistas de diversas áreas ligadas
à Arquitetura e Urbanismo. Uns veem tal acontecimento como uma perda cultural
inestimável, outros interpretam o fato como um marco civilizatório em uma
cidade por demais insalubre.
Na
Grande Tijuca, é possível encontrar algumas residências que foram erguidas sob
a influência da Reforma Haussmann. São aquelas com um quê de prédio público. A
da imagem foi demolida neste primeiro semestre de 2020. O terreno foi comprado
por uma concessionária de automóveis para uso como estacionamento. Estes
imóveis têm forte aproximação com o estilo conhecido como Segundo Império,
tendência que marcou o reinado de Napoleão lll (1852 A 1870), que, por sua vez,
escolheu o Barão Georges-Eugène Haussmann para prefeito de Paris.
O estilo Segundo Império tem como influências mais significativas a Antiguidade Clássica, o Barroco Italiano e o Renascimento Francês. No caso do sobrado da imagem, o revestimento das paredes no térreo, luxuosamente trabalhado em alto relevo, é a rusticação: a técnica da alvenaria em volumes. Atente ainda, para a beleza do frontão triangular sustentando outro com volutas. Há outros frontões menores em estuque sobre as janelas. A modelagem dos consoles que sustentam o balcão a cima da porta, também merece destaque. Na Europa, o Segundo Império predominou na 2ª metade do século XIX, mas no Rio, ele se apresentou posteriormente, junto com o espírito eclético que chegou ao Brasil na passagem do século XIX ao século XX.
Texto: Geanine Souza – Impressões Suburbanas
Pesquisa:
TOURINHO, Adriana de Oliveira. “A influência das reformas urbanas parisienses no Rio de Janeiro dos anos 20 de Tourinho.” https://revistadiscenteppghis.files.wordpress.com/2009/05/adriana-tourinho-a-influencia-das-reformas-urbanas-parisienses-no-rio-de-janeiro-dos-anos-20.pdf
PEREIRA, Rounaud Alves."O Estilo Segundo Império." https://www.estilosarquitetonicos.com.br/estilo-2-imperio/
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