Irajá
As linhas arrojadas desta casa apontam sua ligação com a Arquitetura
Moderna. De plano, o olhar converge para o painel localizado no centro da
platibanda. As cores intensas do ornamento contrastam com tom discreto da
pintura do imóvel, revelando as intensões do construtor/construtora em
compartilhar seu universo pessoal com aqueles que o observam. O caráter
pitoresco desta obra faz com que a mesma funcione como um painel de
boas-vindas.
O quadro, com composto por 60
azulejos, tem seus elementos formais organizados nos moldes das pinturas
academicistas. A opção por tal método artístico, oficial e aceito pela
monarquia brasileira, deixa transparecer as pretensões de alinhamento do
proprietário/proprietária com o status das classes sociais mais abastadas. Porém,
a aura clássica característica do Academicismo é adocicada por um conteúdo
plástico, carregado de empatia, que emana do painel.
Detalhe interessante é a
montanha nevada ao fundo da composição. Seria uma aproximação dos moradores da
casa com uma outra realidade que não a dos trópicos? Difícil saber.
Independente da resposta, é importante frisar que a transposição de realidades
é uma característica da arquitetura kitsch. Tal estilo proporciona aos seus
adeptos o recriar da realidade circundante com o repertório estético que melhor
lhes aprouver.
Como se vê, a Arquitetura
Moderna, nos subúrbios e periferias do Rio, findou por permitir uma interface
maior entre um padrão estético movido por novas tecnologias e o
infinito-particular da população.
Geanine Souza – Impressões Suburbanas
Pesquisa: Arquitetura kitsch suburbana e rural - Dinah Guimaraens e Lauro
Cavalcanti
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